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Estudo propõe potência crítica como chave para a prescrição do exercício

Por Aldemir Teles e Yasmin Galdino*


Parâmetro é sugerido para a eficácia do treinamento cardiopulmonar


Prescrever exercícios físicos é ciência e arte.


O treinamento para a função cardiorrespiratória ou cardiovascular, existem alternativas metodológicas para decidir sobre o método mais eficaz e seguro para obtenção dos resultados de um programa de exercícios. No entanto, antes de escolher o método é preciso ter clareza dos objetivos, visto que, atletas e pacientes cardiopatas, por exemplo, têm objetivos diferentes para alcançar. Ademais, a prescrição adequada para cada caso depende da análise dos parâmetros obtidos pela avaliação. Dentre eles, o consumo máximo de O2 (VO2 máx.) e correlatos, como a frequência cardíaca máxima (FC máx.). Essas medidas podem ser obtidas tanto por testes realizados na clínica, a exemplo da ergometria ou teste cardiopulmonar (TCP), quanto por testes de campo ou pista, como o teste dos 12 minutos (COOPER), teste da caminhada de 6 minutos etc. Está claro que, sem qualquer avaliação, a tendência é o fracasso nos resultados, seja por superestimar a carga de treino, o que traria riscos para a saúde do praticante, seja por subestimar a “dosagem” do treino, tornando o programa ineficaz.


“Parte da arte da prescrição do exercício para adultos aparentemente saudáveis é ser capaz de selecionar a intensidade do exercício adequada para provocar o estresse do sistema cardiovascular sem sobrecarregá-lo” (Gibson, Wagner e Heyward, 2019)


Os testes


A ergometria, afere alguns dos parâmetros a serem observados, especialmente nos casos clínicos, especialmente os valores máximos do consumo de O2 (VO2 máx.), Equivalente Metabólico (MET máx.), a frequência cardíaca (FC máx.), a pressão arterial sistólica (PAS máx.) e a velocidade máxima. Com isso, a velocidade e a inclinação da esteira encontradas no teste, podem ser convertidas em velocidade (km/h ou m/min) em terreno plano para facilitar a prescrição do programa de exercícios que será realizado pelo indivíduo.


O Teste Cardiopulmonar (TCP), é um meio mais preciso e facilitador para a prescrição, além dos parâmetros já identificados pela ergometria, podemos também identificar os limiares aeróbico e o anaeróbico, conhecidos como Ponto de Compensação Respiratória (PCR), e o quociente respiratório (QR) que quantifica a utilização de substratos energéticos como carboidrato, proteína e lipídeos na produção de energia. Assim, na medida em que aumenta a exigência do teste, é possível saber qual o tipo de substrato principal que está sendo consumido.


Em ambos os casos, é necessário relacionar as respostas fisiológicas e metabólicas de acordo com a evolução (incremento da carga) nos minutos do teste. Assim, é possível identificar o VO2 máx. e a FC máx. correspondente. Daí, estimar o percentual da (FC submáxima, 80% da FC máx., por exemplo); ou percentual do VO2 máx.,utilizando esses parâmetros para estabelecer a intensidade do treinamento e a Zona-Alvo da FC.


Os métodos de treino para a função cardiopulmonar


Entre os principais métodos utilizados atualmente, estão o método contínuo, os métodos intervalados extensivo e intensivo, e o intervalado de alta intensidade (HIIT). Cada um deles apresenta características próprias, tanto na escolha dos parâmetros para definição da carga (volume, intensidade, duração e densidade), quanto à aplicação, de acordo com o objetivo desejado.


O Estudo


Diferentemente das metodologias habituais, o estudo Critical power and work-prime account for variability in endurance training adaptations not captured by V̇o2max, concluiu que as formas de prescrição de exercícios seriam “adaptadas aos pacientes com base em uma medida de condicionamento amplamente ignorada, chamada critical power (PCRIT), or maximum steady state” (potência/velocidade crítica ou estado estável máximo). Estado estável máximo significa a maior velocidade que você pode alcançar (caminhando ou correndo) enquanto mantém um ritmo sustentável por um longo tempo. Ou, um nível de exigência metabólica aeróbico/anaeróbico que, teoricamente, pode ser mantido por um longo período sem sofrer exaustão.


“Ao elaborar exercícios em torno da PCRIT, em vez do VO2 máx., usado com mais frequência, poderíamos prever com maior precisão os resultados para a saúde, assim como podemos com a medicina”, dizem os pesquisadores do Journal of Applied Physiology (Vol. 133, Nº 4)


O que a pesquisa descobriu?


Na pesquisa, 22 adultos, divididos em 2 grupos (treino contínuo e HIIT), realizaram programa de 8 semanas de treinamento contínuo de intensidade moderada ou (HIIT). A definição da intensidade para encontrar a PCRIT foi baseada no VO2 máx. Em seguida, os pesquisadores estimaram determinado percentual desse VO2 máx. para encontrar o PCRIT, para cada sujeito e, assim, definir a intensidade da carga de treino.


Com a maior porcentagem relativa ao V̇O2max, em que as condições de estado estável podem ser mantidas, a PCRIT de uma pessoa influencia fortemente a tensão metabólica do exercício. Foi demonstrado que as mudanças positivas, induzidas pelo treinamento na resistência, independentemente do método, estão mais fortemente relacionadas à intensidade de um programa de treinamento físico baseado no PCRIT do que em relação ao V̇O2 max., simplesmente. Assim, o exercício pode ser prescrito de forma mais homogênea e efetiva com o uso desse parâmetro.


“A melhora foi muito mais correlacionada com a porcentagem de potências críticas em que os indivíduos trabalharam, do que apenas a porcentagem de seu VO2max, como os fisiologistas do exercício pensam há anos”, diz a principal autora do estudo, Jessica Collins, pesquisadora da Brigham Young University.

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O que o estudo sugere e o que já fazemos


Há várias métodos e protocolos para prescrever o exercício, no entanto, escolha depende fundamentalmente dos objetivos do indivíduo. Com isso, a primeira providência para a prescrição adequada é obter os parâmetros metabólicos, funcionais e fisiológicos por meio dos testes.

Por outro lado, a revelação sobre a PCRIT é mais uma alternativa para a prescrição de treinamento. Ela se refere, na prática, ao melhor ritmo onde possa ser mantido o equilíbrio entre o oxigênio necessário para atender a demanda do exercício e o que está efetivamente sendo consumido. Isso reflete a capacidade cardiorrespiratória do sujeito. O aumento do ritmo, leva a um desequilíbrio entre demanda e consumo, resultando no déficit de O2. Isso reduziria a possibilidade de manter o exercício por mais tempo. Ou seja, a intensidade do ritmo é inversamente proporcional a duração ou volume do treino.

Um princípio fundamental de qualquer treinamento é fazer com que o sujeito resista à carga do treino por período determinado, de acordo com os objetivos. Na prática, uma margem aceitável para realizar exercícios, nos parâmetros sugeridos no estudo, são percentuais variando entre 75% e 85% do VO2 máx. ou utilizando a equação para o VO2 de reserva (VO2 R). Percentuais semelhantes serão úteis como referência para a FC máx. (ou FC de reserva; FCR).



*Yasmin Galdino é bacharela em Educação Física e residente em Saúde do Idoso, no Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP)




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