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O IMC é uma medida contestada para avaliar obesidade

Estudos indicam a necessidade de aplicar novas medidas para classificar a obesidade e fatores de risco.

Novos estudos sugerem que o índice de massa corporal (IMC) pode deixar de ser usado por profissionais de saúde para diagnosticar obesidade. O IMC, além de vir sendo por anos o método padrão para avaliar se uma pessoa está acima do peso ou tem obesidade, ainda é amplamente usado como a métrica para a elegibilidade ao tratamento para a perda de peso e cirurgia bariátrica.

Ocorre que, a crescente consideração das limitações do IMC está fazendo com que muitos clínicos considerem medidas alternativas de obesidade que possam avaliar melhor tanto a quantidade de adiposidade, quanto sua localização corporal, um importante determinante das consequências cardiometabólicas da gordura.


O IMC é baseado no peso de uma pessoa em quilogramas dividido pelo quadrado de sua altura em metros. Um IMC "saudável" está entre 18,5 e 24,9 kg/m 2, o sobrepeso é de 25 a 29,9 kg/m 2 e ≥ 30 kg/m 2 é considerado obesidade.


A preocupação com a dependência excessiva do IMC não é nova. Em 2015, uma declaração científica do Comitê de Obesidade, da American Heart Association (AHA), concluiu que "o IMC sozinho, mesmo com limiares mais baixos, é uma ferramenta útil, mas não ideal, para identificação de obesidade ou avaliação de risco cardiovascular", especialmente para pessoas de populações asiáticas, negras, hispânicas e das ilhas do Pacífico.


No entanto, as possibilidades de que o IMC desapareça não ocorrerão tão cedo, segundo os pesquisadores, dado o quão arraigado ele se tornou na prática clínica e para a cobertura de seguros, bem como sua relativa simplicidade e precisão.


"O IMC está embutido em uma ampla gama de diretrizes sobre o uso de medicamentos e cirurgias. Ele está embutido nos regulamentos da Food and Drug Administration (FDA) e para cobertura de faturamento e seguro. Seriam necessários dados extremamente fortes e anos de trabalho para desfazer a infraestrutura construída em torno do IMC e substituí-la por outra coisa. Não vejo isso acontecendo [tão cedo]", comentou Daniel H. Bessesen, MD, professor da Universidade do Colorado, em Aurora e chefe de endocrinologia da Denver Health.

O IMC foi escolhido como a ferramenta de rastreamento inicial [para obesidade] não porque alguém achasse que era perfeito ou a melhor medida, mas por causa de sua simplicidade. Tudo o que você precisa é de altura, peso e uma calculadora. Assim sendo, o IMC não consegue distinguir entre gordura e músculo porque depende do peso apenas para medir a adiposidade. Outra deficiência do IMC é que ele é bom para distinguir o risco de nível populacional para doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas, mas não ajuda tanto para distinguir o risco em nível individual.


Razão Cintura-Estatura


Essas e outras desvantagens levaram os pesquisadores a procurar outras métricas úteis. A Razão Cintura/Estatura (RCEst), por exemplo, avançou recentemente como uma potencial alternativa ou complemento do IMC. Além da RCEst, métricas alternativas incluem circunferência da cintura, métodos de imagem como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), absorciometria de raios-X de dupla energia (DEXA); e bioimpedância elétrica para avaliar o volume e a localização da gordura.


Em setembro de 2022, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE), que define políticas para o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, revisou suas diretrizes para avaliação e gestão de pessoas com obesidade. A orientação atualizada recomenda que, quando os médicos avaliarem "adultos com IMC abaixo de 35 kg/m2, meçam e usem sua RCEst, bem como seu IMC, como uma estimativa prática da adiposidade central e usem essas medidas para ajudar a avaliar e prever riscos à saúde".

A RCEst é calculada dividindo o perímetro (cm.) da cintura pela estatura (cm.) e multiplicando o resultado por 100. A medida é considerada um indicador de risco para a saúde melhor que a razão cintura-quadril (RCQ) e a medida isolada da cintura. A RCEst inferior a 50% é, geralmente, considerada saudável.


O ponto de corte para RCEst (Organização Mundial da Saúde)


O NICE divulgou uma extensa revisão da literatura e, com base nas evidências, disse que "usar a razão cintura-estatura, bem como o IMC, ajudaria a fornecer uma estimativa prática da adiposidade central em adultos com IMC abaixo de 35 kg/m2. Isso, por sua vez, ajudaria os profissionais a avaliar e prever os riscos à saúde."

A revisão do NICE de 2022 também afirma que é "importante estimar a adiposidade central ao avaliar riscos futuros à saúde, inclusive para pessoas cujo IMC está na categoria de peso saudável".

Medir e usar a RCEst como parte da avaliação da obesidade representa uma mudança importante na política de saúde da população.


O recente estudo do European Heart Journal (1 de abril de 2023) - Anthropometric measures and adverse outcomes in heart failure with reduced ejection fraction: revisiting the obesity paradox, que teve como objetivo principal, comparar dois medicamentos para melhorar os desfechos em mais de 8000 pacientes com insuficiência cardíaca e com fração de ejeção reduzida, a RCEst foi um dos dois índices identificados como melhor correlacionado para o efeito adverso do excesso de adiposidade, em relação ao IMC. Isso "fornece dados significativos sobre a superioridade da RCEest em comparação com o IMC para prever desfechos de insuficiência cardíaca".


Embora a RCEst pareça promissora como um substituto ou complemento ao IMC, ela tem suas próprias limitações, particularmente o desafio de medir com precisão a circunferência da cintura. Outra limitação da circunferência da cintura e da RCEst é que elas "não podem diferenciar entre tecido adiposo subcutâneo visceral e abdominal, que são muito diferentes em relação ao risco cardiometabólico.


A opção de geração de imagens


Imagens de alta tecnologia para distribuição de gordura corporal", como tomografias computadorizadas (TC) ou ressonâncias magnéticas (RM), embora possam fornecer a melhor precisão para rastrear o volume da gordura perigosa de uma pessoa, elas também são prejudicadas pelo custo relativamente alto e, para TC e DEXA, pela questão da exposição à radiação. Além da RCEst e o IMC que devem ser vistos como uma ferramentas de triagem que categoriza as pessoas em grupos de risco geral, são necessárias outras métricas e variáveis, como idade, raça, etnia, histórico familiar, glicemia e pressão arterial para descrever melhor o risco à saúde em um indivíduo.




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